O lema inserido na bandeira brasileira é “Ordem e Progresso”. Como sabemos, um princípio positivista, do filósofo Auguste Comte, seguido pelos militares e pelos maçons brasileiros. Acabou como lema de uma nação. Mas, esse lema inclui salários dignos, alfabetização, respeito ao povo, além de outra palavra excluída: amor. Chico Alencar quis modificar o lema da bandeira brasileira para “Amor, Ordem e Progresso” e Cristovam Buarque queria suprimir o lema de nossa bandeira até que o analfabetismo nacional fosse erradicado.
Na ditadura Civil-militar que se abateu sobre o Brasil em 1964, havia um certo orgulho nacional. Falava-se muito no Brasil como uma potência emergente. Articulistas de jornais como o Estado de São Paulo enchiam a boca para falar nesse país sonhado pelas elites brasileiras, mesmo que houvesse miséria, opressão, repressão e tortura por todos os lados.
Nas Forças Armadas havia inteligência, a exemplo de Golbery do Couto e Silva. Eram nossos adversários, mas tínhamos que reconhecer que ali havia inteligência militar e política.
Não é o caso de hoje. O esforço é retroceder todos os índices que indicariam um avanço brasileiro, negar tudo que seja sinal de “Ordem e Progresso”. Desemprego em 13 milhões de pessoas, corte na educação, na saúde, rebaixamento de salários, de condições trabalhistas, destruição da previdência pública.
Mas, não é só. Tínhamos na Ditadura o extermínio de pessoas indesejadas, não só nos porões do DOI-CODI, mas no que se chamava Esquadrão da Morte, que era a execução sumária de pobres, pretos e pretensos adversários do Regime. Hoje, à semelhança dos nazistas, um governador de Estado sobe num helicóptero e executa, ou finge executar, ou apoia o extermínio sumário de pessoas indefesas nas favelas, como se fosse uma caça de animais, até essa proibida no mundo inteiro. Um dia os nazistas, que se achavam insuperáveis, foram caçados no mundo inteiro por genocídio. Espero que grupos de brasileiros já se preparem para caçar os nazistas brasileiros quando esse regime acabar. E lembrem-se que querem liberar para ruralistas e policiais, em lei, o direito de matar sem responder pelos crimes cometidos. Como já disse Leonardo Boff, a hora de Sérgio Moro também chegará.
Hoje não temos mais a proposta do Brasil-Potência. A entrega das riquezas naturais, de nossas maiores empresas, do território amazônico, etc., é proclamada com o beijo e continência à bandeira dos Estados Unidos. Os donos do poder celebram a entreguismo.
Não espanta a falta de reação da velha mídia, como dos empresários, como do judiciário, como de grande parte da intelectualidade, como de tantos militares que colocaram seu nome e o da instituição atrelados ao governo atual. Eles fazem parte desse movimento destrutivo. Há 40 anos o atual presidente foi expulso das Forças Armadas. Hoje ela ajuda sustentar seu governo.
Pior, grande parte de nosso povo, ainda que envergonhadamente, ainda não tem coragem de protestar, sequer para defender a sua própria aposentadoria ou o direito de estudar de seus filhos e filhas.
Sim, está na hora de remover o lema de nossa bandeira. Aquela nação que já almejou a “Ordem e Progresso” hoje defende “Desordem e Retrocesso”.