Porque é possível a democracia vencer
Autor: Jorge Branco
Nunca desencoraje qualquer um que avança, não importa o lento que vai.
(Platão em “A República”)
As pesquisa sobre intenção de voto para estas eleições de domingo, dia 27 de outubro, apontam um tendência: a queda em todos os setores da disposição de votar em Jair Bolsonaro e o crescimento do número de eleitores que desejam votar em Fernando Haddad.
Possivelmente, esta movimentação nas intenções de voto decorre da exposição forte que as verdadeiras intenções e opiniões de Jair Bolsonaro, de seu candidato a Vice Presidente, General da Reserva Mourão e de seus apoiadores, como João Dória, prefeito de São Paulo, Wilson Witzel, candidato a governador do Rio de Janeiro e das verdadeiras milícias de fake news que fazem um trabalho de destruição da verdade e da dignidade nestas eleições.
Nestes últimos dias, em especial a partir da reportagem da Folha de São Paulo que denunciou que empresários bancam uma campanha contra o PT pelo whatts zap, como caixa 2 no valor de 12 milhões de reais, se estabeleceu uma esperançosa reação ao torpor autoritário que estava tomando conta do país como na fábula do “Flautista de Hamelin”, escrita pelos irmãos Grimm. Nesta fábula, um flautista hipnotiza os ratos que infestavam a cidade de Hamelin e os afoga no rio. Como o povo da cidade desconfiou, decidiu não pagar o flautista pelo serviço, ele então, por retaliação, tocou sua flauta novamente e hipnotizou todas as crianças da cidade e as trancou em uma caverna. A cidade então ficou sem ratos e sem crianças.
Diferente da fábula, entretanto, os resultados poderão ser dramáticos pois tratamos aqui da realidade. O país vive uma encruzilhada de dimensões históricas. Se avança sobre o caminho aberto pela Constituição Federal de 1988 e sua esteira de possibilidades no que diz respeito a liberdade, proteção social, direitos dos trabalhadores, dos indígenas, quilombolas, de igualdade racial e de gênero ou se retrocede aos tempos do regime autoritário onde se hiper explorou o povo brasileiro sob o tacão da tortura, mortes e desaparecimentos.
Essa reação de certo sentimento democrático que vemos nesta reta final, entretanto, não é fruto de descobertas individuais mas de uma memória coletiva que, se ainda não transformou a cultura política brasileira em uma cultura solidamente democrática e igualitária, é forte o suficiente para despertar a maioria da sociedade para o aprisionamento das melhores utopias que esta cantilena fascista estava produzindo sobre os brasileiros e que poderá, caso vença, fazer o Brasil retroceder décadas. O que já ocorre com a simples combinação de 2 anos de governo Temer e da possibilidade do candidato fascista vencer as eleições. Para confirmar isso basta conferir, nos jornais conservadores e liberais da Europa e dos Estados Unidos, a queda de prestígio e desvalorização do Brasil, grande potência emergente nos anos de Governo do Lula.
Esta memória democrática, indisposta a morrer, vive nos movimentos sociais que travam uma batalha por direitos básicos como habitação, terra, escola, saúde e dignidade. Vive em amplos setores da juventude que, mesmo não vivendo as trevas da ditatura, sabem que suas possibilidades de futuro estão vinculadas à democracia e não ao fascismo. Possiblidades que vivem materialmente através das dezenas de universidades públicas, ensino técnico, quotas, PROUNI, casa de estudantes criadas no período democrático e não no período autoritário. Vive nos agricultores que expandiram sua produção e mantiveram seus filhos na produção. Vive, também, em setores da classe média que conhecem o crescimento do emprego e dos salários que viveram durante os mais recentes anos da democracia.
São estes sujeitos, organizados e libertos, que estão acordando os demais do pesadelo do hipnose do flautista aplicado pelo fascismo. A opção pela democracia tem nome e número neste domingo: Fenando Haddad 13 para presidente.
Jorge Branco