Todos e todas à Santa Maria, para renovar o chamado: um outro mundo é possível e necessário!


Resistência! Essa é a palavra que nos desafia hoje, nos chama à ação. Os tempos atuais são desafiadores para quem pensa e sonha o mundo a partir de uma visão inclusiva e progressista. No Brasil, desde o golpe de 2016, o conservadorismo tem mostrado sua verdadeira face de submissão fundamentalista ao capital, fundando um movimento nocivo de neoimperialismo e massacrando iniciativas de movimentos sociais e forças populares que buscam a concretização do sonho maior de construir um outro mundo, ainda possível e mais que nunca necessário.

Nesse aspecto, o mês de julho faz com que muitos olhares sensibilizados e mãos dispostas a resistir se voltem para o coração do Rio Grande do Sul, até a cidade de Santa Maria, onde um evento celebra o jubileu do sonho de Dom Ivo Lorscheiter: a 25a FEICOOP/ECOSOL (Feira Internacional Jubilar do Cooperativismo, Economia Solidária e Agricultura Familiar Camponesa).

A Feira de Santa Maria é hoje levada em frente pelo espírito guerreiro de Irmã Lourdes Dill e por um grande número de ativistas e organizações que deixam de lado as distâncias impostas pela diferença de suas diversas orientações espirituais, político-ideológicas, étnicas, de gênero ou sexualidade, em nome das semelhanças que os irmanam em um objetivo comum: o norte utópico da solidariedade como força motriz para transformar o mundo. Desafiam-se e desafiam-nos através do tema que remete à construção da sociedade do bem viver, por uma ética planetária.

São quatro dias de palestras, seminários, reuniões, comércio justo de produtos e serviços, atividades culturais e, sobretudo, de vivência solidária, onde a cidade recebe participantes dos quatro cantos do Brasil, assim como delegações vindas de pelo menos duas dezenas de países, todos dispostos a partilhar da mesma mesa para dividir o alimento físico e simbólico, debater projetos, expor iniciativas, trocar experiências, renovar forças e reeditar o desafio do Papa Francisco que convoca todas as forças sociais a defender o acesso do povo trabalhador à terra, ao teto, ao trabalho e a segurança de seus direitos. Sintamo-nos convocados à linha de frente da recuperação do sentido de ser inerente ao humano, frente ao ter pregado pelo capital.

Em suas falas públicas, Irmã Lourdes costuma relembrar um velho dito, citando que “se você quer planejar para um ano, deve plantar cereais; se você quiser planejar para 30 anos, deve plantar árvores; mas se você quer planejar para 100 anos, deve plantar ideias e motivar a organização do povo”. Segundo ela, essa terceira opção é o grande objetivo, concretizado a partir de cada um que se deixa interligar em uma rede tecida de sonhos comuns. Em Santa Maria, de 12 a 15 de julho você é bem vindo, é bem vinda, não para simplesmente participar de um evento, mas para somar-se como parte dele, integrar-se a um organismo vivo, dinâmico, pulsante, plural, multicolorido, “aprendente e ensinante”. Nos encontramos lá.

Marcos Antonio Corbari – Jornalista

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