Bispos pedem ao Papa a beatificação de Padre Josimo


Francisco teria respondido assertivamente e incentivado aos bispos brasileiros a dar início ao processo

O Padre Negro das Sandálias Surradas, Josimo Morais Tavares, teve seu nome e martírio relembrados pelos bispos Dom Giovane Pereira de Melo (Tocantinópolis) e Dom Vílson Basso (Imperatriz) em conversa com o Papa Francisco. O encontro que permitiu colocar em pauta com o sumo pontífice a beatificação do mártir da terra e das águas aconteceu durante um dos intervalos do Sínodo para a Amazônia. A informação repercutiu nas redes sociais e foi confirmada neste domingo pelo Frei Sérgio Görgen, que preside um instituto sediado no RS que leva o nome de Josimo.

Para o franciscano, “Josimo foi exemplo no seguimento de Jesus e na defesa dos mais pobres e por eles deu sua própria vida”. Relembrado principalmente pelo povo mais simples, com o qual se identificava e pelo qual exerceu um sacerdócio combativo e identificado. Seu assassinato se deu em 10 de maio de 1986, alvejado pelas costas por um pistoleiro contratado por latifundiários enquanto subia a escadaria do prédio onde ficava o escritório da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em Imperatriz/MA.

– Na breve conversa com o Papa Francisco, apresentamos Josimo e falamos da possibilidade de iniciar o seu processo de beatificação e canonização -, contou Dom Giovane. A resposta de Francisco foi breve e animadora: “Faça o pedido, comece!”.  A causa de Josimo e de outros lutadores e lutadoras do povo que foram martirizados está sendo constantemente relembrada durante o Sínodo, cujo Documento Laboris (instrumento de trabalho) e os pronunciamentos das nas grandes conferências, tem se pautado em temas como as constantes e reincidentes agressões aos direitos humanos, aos conflitos agrários, as agressões ao território dos povos originários.

*Quem foi Padre Josimo?* Josimo Morais Tavares, conhecido como Padre Josimo, nasceu em Marabá no Pará, de família humilde Josimo era filho de uma lavadeira que o teve à beira do Rio Araguaia, em 1953. Por ser pobre, negro e filho de camponeses, Josimo foi alvo de muitos preconceitos. Quando terminou os estudos, decidiu voltar a Xambioá para dedicar sua vida à causa dos trabalhadores e trabalhadoras rurais. Ao longo de sua vida, o padre denunciou os grileiros da terra, a opressão dos latifundiários contra os lavradores e defendeu os direitos do povo, conscientizando-os sobre sua força. Padre Josimo era coordenador da Comissão Pastoral da Terra (CPT) – no Bico do Papagaio, região conhecida por intensos conflitos de disputa de terra. Por suas ideias e ações, causou ódio aos fazendeiros da região, passando a receber diversas ameaças de morte. Em 10 de maio de 1986, na cidade de Imperatriz, no Maranhão, padre Josimo foi assassinado com dois tiros pelas costas quando subia a escadaria do prédio onde funcionava o escritório da CPT.


Assista ao documentário “O Padre Negro das Sandálias Surradas”, produzido pelo ICPJ, disponível no Youtube (clique aqui) ou através do player publicado abaixo.