2 de julho de 2018
Por: Marcos Antonio Corbari

A segunda-feira demarcou mais um dia de visita de conforto e orientação espiritual ao presidente Luís Inácio Lula da Silva, na sede da Polícia Federal em Curitiba (PR), onde é mantido cativo, como prisoneiro político, há 86 dias. Fazendo valer o caráter de respeito ao ecumenismo, o espaço que já foi utilizado por religiosos católicos e evangélicos, hoje recebeu um representante das espiritualidades de matriz africana: o Pai de Santo Antônio Caetano de Paula Junior.

Trata-se do representante de um segmento que enfrenta diariamente o preconceito e o fundamentalismo religioso em suas faces mais radicalizadas, preservando em sua síntese a memória dos povos capturados os em África e trazidos ao Brasil como cativos, bem como das gerações de seus descendentes que vieram sucedendo tempo a tempo, assim como dos povos indígenas explorados e massacrados pela mão forte da exploração imperialista subserviente ao capital. “Talvez hoje essa grande voz que lidera toda essa população, de todos os meus ancestrais, tenha voz no presidente Lula”, declarou.

Um gesto de profunda emoção foi praticado através das mãos de Pai Antônio, que foi levar até o presidente Lula uma imagem do orixá Xangô, entidade regente da justiça e da harmonia. Segundo ele a imagem estava há 13 anos no altar do terreiro onde serve como orientador espiritual e uma entidade manifestou que o artefato havia encerrado sua passagem naquele local e que deveria ser conduzido até o prisioneiro, como testemunho de que a ancestralidade está o carregando de força e energia para que supere a provação a que está sendo submetido.

– Foi um momento muito bonito, muito caro, quando o presidente Lula pegou a imagem, abraçou e falou que sempre foi muito importante dar voz a todas as vozes, que quem cala uma, acaba por calar todas”, contou Pai Antonio, embargando a voz com emoção.

O Pai de Santo sintetizou sua visita ao presidente Lula na palavra “resistência”, afirmando que a fé de matriz africana é desafiada diariamente a resistir e essa é a impressão que levava consigo após uma hora de conversa com Lula: “Essa é a imagem que a gente pode tirar, de um homem que vai resistir”.

 

 

Marcos Antonio Corbari

Jornalista | Rede Soberia | MPA | Brasil De Fato-RS