NOVO CORONAVÍRUS: PRECAUÇÕES E CUIDADOS

29 de fevereiro de 2020

Dr. Ronald Selle Wolff

Médico de homens, mulheres e de almas

Militante do MPA e assessor médico do Instituto Cultural Padre Josimo

Membro da Rede Nacional de Médicas e Mêdicos Populares

 

 

E lá vamos nós mais uma vez assombrados pela ameaça de mais uma epidemia. Desta vez é o Novo Coronavírus. Iniciou na China (agora tudo vem de lá), e está se espalhando pelo mundo. Vamos, então conhecer essa situação para podermos lidar com ela da melhor forma, ou seja, para prevenir “pegar” o vírus ou para tratar a doença se formos contaminados.

Como saber se estou com a doença?

Os sintomas principais da virose pelo Coronavírus são muito parecidas com gripe ou resfriado: tosse seca, dor de cabeça, febre, corisa (nariz correndo) e dor de garganta.

Esses sintomas, associados a viagem para os países na lista de monitoramento para casos suspeitos são fortes indicadores da doença. Ou contato com caso suspeito ou confirmado de Coronavírus. Um sinal respiratório com febre e contato com caso suspeito ou viagem, já são suficientes para se configurar como caso suspeito.

Então se tiver febre e sintomas respiratórios deve procurar o pronto socorro?

Não. Precisa, além de febre e sintoma respiratório (tosse, dor no corpo, falta de ar, dor de garganta, corisa, nariz entupido), ter viajado, nos últimos 14 dias, para Alemanha, Austrália, Camboja, China, Coréias do Norte e do Sul, Emirados Árabes, Filipinas, França, Irã, Itália Japão, Malásia, Singapura, Tailândia e Vietnã. Ou se, além dos sintomas citados, ter tido contato com caso suspeito ou confirmado. No caso de ser caso confirmado, não há necessidade de ter febre para ser caso suspeito.

Sempre tem febre?

Não. Em crianças menores de 5 anos, idosos, pessoas com baixa imunidade ou que possam ter utilizado medicamento antitérmico pode não ter febre.

O que é Contato próximo?

Estar a aproximadamente dois metros de um paciente com suspeita de caso por novo coronavírus, dentro da mesma sala ou área de atendimento (ou aeronaves e outros meios de transporte), por um período prolongado, sem uso de equipamento de proteção individual (EPI). O contato próximo pode incluir: cuidar, morar, visitar ou compartilhar uma área ou sala de espera de assistência médica ou, ainda, nos casos de contato direto com fluidos corporais, enquanto não estiver usando o EPI (Equipamento de Proteção Individual) recomendado.

Precisa internar sempre?

Não. Internação deve ser para situações em que a condição da pessoa possa agravar a situação, como por exemplo, e principalmente, pessoas com baixa defesa imunológica, câncer, idosos, crianças com menos de 2 anos de idade, gestantes, doentes cardíacos, e pessoas com doenças pulmonares.

A doença pode “pegar” de uma pessoa para outra?

Sim! Pode ser pelo ar, por espirro ou tosse, pelo toque, em aperto de mão ou beijo, por exemplo, contato com objetos contaminados (que tenham sido tocados por pessoa com a doença) e seguidos de contato com a boca. Portanto, sempre lavar bem as mãos com água e sabão, ou álcool a 70%.

Portanto, para prevenir pegarmos essa doença, devemos adotar alguns cuidados que podem evitar que sejamos contaminados, tanto nós como a comunidade. Lavar as mãos com água e sabão ou álcool 70%; evitar tocar olhos, nariz e boca sem higienização adequada das mãos; evitar contato próximo com pessoas doentes; cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar, com cotovelo flexionado ou lenço descartável; ficar em casa e evitar contato com pessoas quando estiver doente; limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência; não compartilhar objetos de uso pessoal (talheres, pratos, copos ou garrafas); manter os ambientes bem ventilados.

Qual o período de incubação, que já tem, mas ainda não apareceu?

Ainda não está estabelecido. Pode ser de 1 a 14 dias, mais comumente 5 dias desde a exposição até o aparecimento dos primeiros sintomas.

Deve-se usar máscaras?

Não há necessidade de uso de máscaras no momento. Apenas profissionais de saúde que atendem casos suspeitos.

Não há necessidade nenhuma de alarde ou pânico. Coronavírus é mais um agente que induz doença viral entre tantos. Não esquecer que estamos, inclusive, em alerta laranja (risco grande) para dengue!

Evitar de passarmos informações sem verificar a veracidade para prevenir pânico e corridas desnecessárias aos serviços de saúde. Sempre é bom lembrar que os lugares onde mais tem vírus e bactérias são os serviços de saúde, portanto, evitemos de ir para esses lugares quando não há necessidade!

No mais, lembremos que o que produz saúde não são hospitais e medicamentos, o que produz saúde é qualidade de vida. E qualidade de vida é produzida por boa alimentação, amizades, companheirismo, amor nas famílias, protagonismo nas lutas sociais, confiança entre amigos e amigas, e, sobretudo, muito amor pela vida!

Grande abraço a todos e todas que lutam…

 

Fonte: Boletim da Sociedade Brasileira de Infectologia, de 26/02/2020