Em Palmeira das Missões, povo camponês reafirma seu apoio a Lula e o desejo de um novo governo popular

24 de março de 2018

Assim como em Santa Maria – onde o protagonismo foi dos movimentos urbanos de luta por trabalho, direito e moradia – em Palmeira quem teve vez e voz no palco da caravana foram os camponeses e camponesas representantes dos movimentos da Via Campesina

 

 

Uma multidão de aproximadamente 12 mil pessoas esperava a chegada da Caravana de Lula pelo Brasil na cidade gaúcha de Palmeira das Missões. Cumprindo compromisso assumido com os movimentos do campo ainda durante o período que antecedeu ao julgamento do recurso em segunda instância junto ao TRF4, Lula trouxe sua delegação até o norte do estado para participar de um ato organizado pelas forças que representam a agricultura familiar e camponesa. Diversos movimentos sociais estiveram presentes e o tom dos pronunciamentos ganhou jeito de povo ao abrir espaço para as pessoas simples se pronunciarem. Ao lado de dirigentes camponeses, da presidenta eleita Dilma Rousseff, do ex-governador Olívio Dutra e de quadros do Partido dos Trabalhadores no RS, o ex-presidente relembrou as políticas públicas sociais que transformaram o país nos últimos 12 anos e afirmou que está pronto para voltar a governar o Brasil.

– A única razão pela qual eu quero ser candidato é que eu tenho certeza que posso consertar de novo esse país -, anunciou do alto do palanque montado junto ao largo Alfredo Westphalen, no centro da cidade. “Se preparem porque eu tenho uma energia que vocês não imaginam. Estou muito mais motivado agora”, anunciou Lula, sob os aplausos da população palmeirense e regional.

 

O dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, projetou o período eleitoral como um momento decisivo para superar a hostilidade dos grandes fazendeiros que produzem apenas para exportação, hoje privilegiados em relação aos pequenos que são os que de fato produzem o alimento que chega às mesas do povo. “Temos de arregaçar as mangas e não vamos fazer outra coisa que não seja trabalhar dia e noite para eleger o Lula”, disse Stédile. “Eleger o Lula é eleger outro modelo, para salvar a agricultura, produzir alimentos e preservar nossos recursos naturais, sem agrotóxico, que só produz câncer. Esse alimento só pode ser cultivado com base na agroecologia.”

A posição do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) também é semelhante, conforme expressou Plínio Simas, ao desafiar Lula a fazer ainda mais que já fez durante os dois mandatos de governo popular: “Crie mais universidades públicas para deixar os ricor furiosor, conclua o Hospital Público Regional e cuide da saúde do povo, faça um programa de habitação maior e ainda mais popular do que foi o Minha Casa Minha Vida, lembre-se que o povo precisa de emprego e você já provou que sabe como conduzir a economia para gerar mais postos de trabalho”. Para arrematar, Simas deixou o pedido mais especial: “Lula, quando você voltar a ser presidente, desaproprie todos os latifúndios e de ao povo que precisa de terra, e nós camponeses vamos produzir alimento saudável para a nação brasileira”.

 

 

Em sua fala, a ex-presidenta, Dilma Roussef agradeceu a acolhida e relembrou ai mportância do campesinato: “Estamos muito agradecidos pelo que estamos vendo aqui e também pelo que vocês fizeram nos nossos governos, ajudando a construir políticas públicas de apoio aos camponeses. Graças à agricultura familiar o Brasil alcançou um fato histórico: saiu do mapa da fome da ONU” relembrou. “Os brasileiros passaram a comer melhor e mais barato porque a agricultura familiar é responsável por mais de 70% dos alimentos consumidos pelo povo”, continuou ela, saudada pelos presentes como “Dilma guerreira da pátria brasileira”.

No palco Lula fez um discurso forte e assumiu compromisso de seguir em frente com sua candidatura e enfrentar todas as dificuldades que encontrar pelo caminho para voltar ao Planalto e fazer ainda mais e melhor que fez nos seus dois primeiros mandatos. A respeito da perseguição que e do processo de lawfere que vem sofrendo, foi enfático: “Eu não sou melhor do que ninguém. Não estou acima da lei. O que eu quero é só justiça. Se eu tiver uma mínima culpa, eu direi ao PT: ‘eu não mereço ser candidato’. Agora, já estão há quatro anos cutucando a minha vida e não acharam nada”, disse. 

 

 

Sobre as medidas para que o Brasil retome o crescimento, Lula destacou que a inclusão do povo pobre na economia é a principal saída. “Quando o povo tem emprego, um salário um pouquinho melhor, ele começa a comer melhor, a comprar um imóvel novo, a ajeitar a casa”, explicou o ex-presidente, lembrando que em seu governo o país teve um crescimento de 7,5% no PIB e 12,5% no varejo. “A coisa estava tão boa, que descobrimos o Pré-Sal, não por sorte, mas por fruto de trabalho e pesquisa. E decidimos que o Pré-Sal seria o passaporte para o futuro deste país, com os royalties investidos na educação”, declarou Lula, orgulhoso por ter se dedicado para resolver o problema da educação no Brasil e incluir o filho do pobre na universidade. Colocamos 4 milhões de jovens nas universidades em 12 anos, contra 4 milhões em todo século 20″, reforçou Lula, que citou também a importância de programas como o Minha Casa Minha Vida e Bolsa Família.

Embora não tenham sido registrados problemas mais graves no centro da cidade, se registrou um pequeno grupo contrário instalado nas proximidades do campus da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) que foi criada no governo do próprio Lula. A movimentação porém foi pequena e incapaz de impedir a passagem da caravana ou intimidar a participação massiva do maior público que se registrou até ali no roteiro, só sendo superado pela atividade final, realizada em São Leopoldo.

Com informações de Sul21, Brasil de Fato e Rede Brasil Atual.