Frei Sérgio e MPA recebem premiação nacional do Movimento Humanos Direitos
Por: Marcos Corbari
Dirigente camponês recebeu o Prêmio João Canuto 2018, relembrando em sua fala os camponeses invisibilizados e dedicando a premiação ao presidente Lula
Na última segunda-feira, 10, data em que celebrava-se os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), através do dirigente Frei Sérgio Görgen, esteve entre os distinguidos pelo Prêmio João Canuto 2018. A cerimônia, organizada pelo Movimento Humanos Direitos (MHuD), foi realizada no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro e, além de homenagear coletivos e personalidades que se destacaram na defesa dos Direitos Humanos no último período, prestou homenagem póstuma à vereadora e ativista social Marielle Franco, assassinada em Março, e ao Museu Nacional, destruído em um incêndio em Setembro.
– Nós agradecemos o MHuD, que lembrou dos camponeses e camponesas nesta noite, ajudando a dar visibilidade àqueles e àquelas que são condenados à invisibilidade, ajudando a trazer à cena cultural e política do país aqueles que são condenados ao silêncio -, registrou Frei Sérgio, ao receber o prêmio das mãos da atriz Bete Mendes. O dirigente relembrou em sua fala que em todos os golpes de estado, os camponeses e as camponesas sempre estiveram entre os primeiros a serem perseguidos, silenciados e massacrados. “Porém sempre resistiram, sempre estiveram dispostos a defender a verdade e não será diferente agora”, arrematou, fazendo menção ao momento atual, onde os militantes sociais passam a conviver sob o estigma do terrorismo de estado.
O Movimento Humanos Direitos foi fundado em 2003 por um grupo de artistas, professores e religiosos com a intenção de dar visibilidade à luta contra violações dos direitos humanos e em defesa de pautas como a demarcação das terras indígenas, o reconhecimento das áreas quilombolas, a promoção da reforma agrária, a erradicação do trabalho escravo e em favor de ações sócio-ambientais. O MHuD está atualmente sob a coordenação das atrizes Dira Paes e Camila Pitanga, contando ainda com a participação do Padre Ricardo Rezende na articulação das ações.
Frei Sérgio fez referência ainda à violência que tem sido praticada contra militantes sociais, fatos que, neste período, tem ganho repercussão através das vozes de intelectuais, artistas, lideranças políticas do campo progressista e veículos da mídia alternativa, mas pediu que também se dê atenção aos lutadores e lutadoras camponeses que tem sido exterminados sistematicamente. Ao final da fala, já abraçado por seus companheiros de movimento, dedicou o prêmio ao presidente Luiz Inacio Lula da Silva: “Acredito que neste momento milhões de brasileiros e brasileiras se sentem silenciados junto com ele, no cárcere político a que está sujeito em Curitiba”, relembrando que cada um deve sentir-se desafiado a ser a continuidade da voz de Lula nesse momento histórico onde resistir é imprescindível.
O Prêmio João Canuto, resgata a história de um dirigente sindical do Pará, que foi perseguido e assassinado ao defender os trabalhadores rurais que lutavam pela reforma agrária. Ao longo dos quinze anos de existência do Movimento, foram agraciadas dezenas de pessoas e instituições de diversas áreas que se destacaram na defesa da dignidade das pessoas e dos Direitos Humanos.
Após os atos oficiais, que além da cerimonia de entrega do prêmio teve espaço de debates, os homenageados, organizadores e convidados participaram de uma confraternização no espaço Raízes do Brasil, mantido pela militância vinculada ao Movimento dos Pequenos Agricultores no Rio de Janeiro. Além do MPA e de Görgen, foram agraciados com o Prêmio João Canuto 2018 as seguintes personalidades e instituições:
– Aton Fon Filho – Advogado da Rede Social de Justiça;
– Padre José Amaro Lopes de Sousa – Comissão Pastoral da Terra (CPT);
– Eva Rete Mimbi Benite – indígena Guarani Bya;
– Bando Cultural Favelados – Comunidade da Rocinha, RJ;
– Tete Moraes – Cineasta;
– Elisa Lucinda – Atriz e Escritora;
– Adolfo Perez Esquivel – Premio Nobel da Paz.
Atualmente o MhuD tem como membros: Adair Rocha, Aroeira, Bete Mendes, Camila Pitanga, Carla Marins, Cássia Reis, Cibele Vrcibradic, Clarisse Sette, Troisgros, Cristina Pereira, Damir Vrcibradic, Daniel C. de Souza, Dedina Bernadelli, Dira Paes, Eduardo Tornaghi, Generosa de Oliveira, Gilberto Miranda, Íris Gomes da Costa, Júlia Barreto, Leonardo Vieira, Letícia Sabatella, Marcos Frota, Marcos Winter, Mario Taurino, Osmar Prado, Otto Ferreira, Ricardo Rezende, Salete Hallack, Sergio Marone, Van Furlanetti, Vanessa Giacomo, Virginia Berriel e Wagner Moura.
Confira mais imagens do evento, cerimônia e confraternização (fotos de Ricardo Rezende Figueira e Melissa Canadá):