MPA emite nota orientando militância para ações a partir da libertação de Lula

14 de novembro de 2019
Por: Marcos Corbari

O Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) fez uma amnifestação através do seu site oficial, afirmando posicionamentos e orientando a militância para o andamento das atividades após a libertação de Luis Inácio Lula da Silva do cárcere político a que ficou submetido por 580 dias. Segundo a diração do MPA, o momento segue exigindo envolvimento, luta e resistência de todas as forças em defesa da democracia e pela implantação de um projeto popular no Brasil. Confira a íntegra do documento:

 

Os Desafios da Resistência com Lula Livre

O MPA celebrou e celebra com alegria a liberdade, ainda provisória, do Presidente Lula e continua na luta pelo reconhecimento de sua total inocência. Em todos os cantos e recantos onde o MPA está presente defendemos a inocência do Presidente e denunciamos a perseguição política que sofre por representar a defesa do povo, das riquezas e do patrimônio nacional e um projeto de sociedade com justiça, trabalho, previdência pública, distribuição de renda, direitos respeitados, sem discriminações, acesso de todos, principalmente os mais pobres, à saúde e educação de qualidade. E que os que perseguem Lula são os vende-pátria que estão entregando as riquezas do Brasil aos grandes capitalistas estrangeiros e ameaçando a existência dos povos do campo, das florestas e das águas em seus territórios.

O MPA reconhece e enaltece a dedicação, a capacidade organizativa, a doação militante e a capacidade de resistência do MST e do MAB, junto com outros e outras militantes, em manter por todo o tempo da prisão injusta, uma vigília permanente em Curitiba, bem como, participamos de uma heroica greve de fome para denunciar a injustiça cometida contra o Presidente bem como a fraude política em retirá-lo do pleito eleitoral no qual, com grande probabilidade, sairia vencedor e a situação do país hoje, seria completamente outra. Entendemos também, que o esforço militante em todos os cantos do país em defender e explicar ao povo as razões reais da perseguição à Lula contribuiu para alterar o ambiente na sociedade que tornou possível a vitória jurídica no STF possibilitando sua liberdade.

A liberdade de Lula é uma vitória da nossa luta por democracia. É  importante para reforçar nossas lutas, o trabalho de base, a organização popular, a construção de poder popular nos territórios, as denúncias da destruição da nação promovidas pelo governo golpista e ilegítimo que assaltou o executivo fruto da exclusão fraudulenta do Presidente Lula das eleições, do desmonte dos direitos duramente conquistados ao longo de décadas.

A resistência continua e não podemos cair na ilusão de que tudo será mais fácil com Lula Livre, que as vitórias eleitorais retornarão como que por encanto e tudo será como antes, que 2022 será como 2002, e que um céu de brigadeiro descortinou-se em nosso futuro próximo. Esta ilusão será fatal para as forças populares no Brasil. A derrota estratégica que sofremos com o golpe continua nos impondo uma estratégia de reaglutinação de forças, de resistência ativa e de longa preparação para qualquer forma de contraofensiva real, de massas, capaz de nos fazer retornar ao poder e sustenta-lo com base popular efetiva. Que Bolívia nos sirva de reforço às lições que o golpe que sofremos nos ensinou. 

Sem dúvida, a liberdade do Presidente reforça todos os esforços de reconstituição de força social, de unidade das esquerdas e de organização popular em todos os sentidos, inclusive eleitoral.

Mas é fundamental imprimir nova qualidade na formação política, fortalecer o protagonismo da juventude com seus novos desafios, exigências e perspectivas e na organização popular na cidade e no campo onde necessitamos avançar na defesa dos territórios e bens naturais. Bem como, com franqueza diante das massas, reconhecer os erros políticos, sem dramatizações moralistas e acusações mútuas, e construir os caminhos necessários para aglutinar força política, unidade das esquerdas e o debate e construção de um Projeto Popular para o Brasil que se disponha a enfrentar os  bloqueios históricos que impedem a sociedade brasileira encontrar-se consigo mesmo e construir uma sociedade justa, alegre e respeitosa.

Há que se enfrentar, no trabalho popular de formação e informação,  os novos desafios da guerra híbrida, do uso dos novos meios midiáticos, da alienação em massa dos falsos valores religiosos e das notícias falsas, fake news.

À luta é que somos convocados. O MPA  está formando fileiras em todo o País, fazendo com suas bases, seus aliados e parceiros, o debate estratégico, a formação de militantes, o envolvimento da juventude, o trabalho de base intenso, o fortalecimento da resistência ativa, o debate do projeto popular para o Brasil e buscando a preparação de uma grande jornada de luta camponesa e popular para o ano de 2021 em todo o território nacional.

Recife, 13 de novembro de 2019.

MPA BRASIL