Plantas Medicinais e Fitoterapia pautaram debates durante três dias em Pelotas
Por: Marcos Corbari
Contando com participantes dos quatro cantos do RS, seminário colocou em evidência a necessidade de estabelecer interconexões entre o acadêmico e o tradicional
Durante três dias – 28 a 30/05 – cerca de 100 pessoas estiveram reunidas na Embrapa Clima Temperado, em Pelotas (RS), para debater o tema das Plantas Medicinais e Fitoterápicos. O grande destaque ficou por conta da visível conexão que se pôde estabelecer entre pesquisadores que representam o meio acadêmico-científico e guardiões e propagadores dos saberes tradicionais e populares. Aparentemente antagônicos, os campos colocados em convivência durante o I Encontro Intermunicipal de Implantação de Programas de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, realizado no Centro de Capacitação de Agricultores Familiares (CECAF), junto à Estação Experimental Cascata (EEC).
Frei Sérgio Görgen, diretor do Instituto Cultural Padre Josimo – organização que tem se dedicado e investido no tema – ressalta que o encontro visava justamente “ampliar conhecimentos, trocar sabedorias entre os participantes, conhecer um pouco do que se faz nos meios populares e na academia sobre a produção e uso das plantas medicinais na saúde humana e animal”. Dentre as diversas exposições de experiências realizadas com sucesso na promoção da saúde a partir da natureza, ele ressalta que os caminhos convergem: “Tivemos uma grande oportunidade de promover as bases para um diálogo de igual para igual entre a sabedoria popular e o conhecimento acadêmico sobre o tema”.
Gilberto Beviláqua, pesquisador da Embrapa e coordenador do evento destacou em uma análise pessoal e prévia, que os objetivos propostos foram atingidos e em alguns pontos até superados. “Nos próximos dias devemos reunir o grupo de organizadores para construir coletivamente essa avaliação, mas de antemão podemos dizer que a experiência foi muito positiva, tivemos exposições e palestras que apresentaram acumulo e novas experiências, confirmando nossa expectativa de construir um espaço de articulação sobre Plantas Medicinais e Fitoterápicos”. Se inicialmente a intenção era congregar a região, o que se pôde observar foi que além da presença de pelo menos uma dezena de municípios vizinhos, estiveram ali presentes representantes de praticamente todas as regiões do estado, trazendo suas contribuições e levando consigo os pontos e contrapontos expostos pelos demais. “Foi muito positivo congregar neste espaço tantas pessoas interessadas no tema, técnicos, agricultores, pesquisadores, autores, professores, representantes dos meios sociais e populares”, registrou.
Um ponto concreto apontado tanto por Görgen quanto por Bevilaqua é a maturidade construída para que se intensifiquem as ações de instalação de hortos medicinais e fitoterápicos junto às prefeituras, cite-se as políticas públicas já existentes e as pesquisas que comprovam o resultado concreto de um número grande de plantas e compostos naturais que podem ser utilizados em políticas de saúde pública.
Görgen finaliza destacando que muito tem sido feito, desde o resgate dos saberes tradicionais que são passados de geração em geração até as mais modernas pesquisas nos ambientes acadêmicos e científico, mas que é preciso ir além do que se pesquisa e do eu se registra: “Nestes aspectos o encontro obteve muitos bons resultados. Há que ampliar o debate, mas, mais que isto, ampliar as práticas no meio do povo com os acúmulos já consolidados”.
Bevilaqua segue na mesma direção, centrando olhar em um possível novo encontro a ser realizado no próximo ano e em medidas práticas que devem ser efetivas ou intensificadas a partir do que se pôde aprender de novo neste primeiro evento. “Acredito que esteja plenamente justificada a existência de espaço para uma segunda edição do evento, está formada nossa articulação, contando com as condições adequadas para que cresça e floresça”.
O I Encontro Intermunicipal de Implantação de Programas de Plantas Medicinais e Fitoterápicos foi uma realização do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Instituto Cultural Padre Josimo (ICPJ), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e Embrapa.
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