Rede da Legalidade, uma iniciativa de formação política de massas

17 de janeiro de 2018
Por: Maister F. da Silva

A formação de opinião pública para o cidadão é totalmente influenciada pelos meios de comunicação de massa, que tem papel determinante na forma como a população interpreta a realidade, embora o indivíduo disponha de uma enorme quantidade de informação, a grande maioria não mantém o hábito de interpretar tais informações, acatando e reproduzindo a interpretação dos redatores e âncoras dos jornais e telejornais. Cada indivíduo, de posse desse repertório absorvido irá discuti-lo com sua família, onde cada membro também absorveu, provavelmente, as mesmas informações e discute o assunto com outras pessoas. Eis a rede de influências discursivas que viabiliza e enriquece a formação da opinião pública.

            Para falarmos de Imprensa e Opinião Pública, é importante resgatarmos um pouco da história da imprensa do país, que tem como marco de iniciação o Séc. XIX, com a fundação de dois jornais impressos ligados a duas famílias oligárquicas, o Jornal A Província de São Paulo e o Estado de São Paulo, ligado a família Mesquita, que permanece como um dos periódicos mais importantes do país até hoje. No entanto, o marco de consolidação da imprensa brasileira é considerado por muitos a criação dos Diários Associados, do emblemático empresário Assis Chateaubriand.

            Os Diários Associados, de certa forma, foram um prenúncio do que hoje é a Rede Globo, agindo e influenciando decisivamente na política do país ajudando a eleger Presidentes, Deputados, Senadores e influenciando na nomeação de ministros. Chateaubriand desempenhou um papel destacado na deflagração da Revolução de 1930. A partir daí, e até a decadência dos Diários Associados, nos anos 60, ele esteve presente nos principais acontecimentos da história política do Brasil. Apoiou a Revolução Constitucionalista de 1932 e os golpes de 1945, 1947 e 1964, influenciou o resultado de eleições, exerceu poder de veto sobre a composição de ministérios, arrancou reformas na legislação para promover seus interesses privados. Por duas vezes, forçou renúncias de parlamentares para conseguir se eleger senador; mais tarde, impôs a si próprio como embaixador do Brasil em Londres.

            Hoje, os grandes conglomerados de mídia já estão, via de regra, incorporados ao jogo habitual das elites, das quais são membros de pleno direito, inclusive pela extensa rede de negócios comuns com outros grupos econômicos. São conglomerados familiares que atuam para além do negócio da comunicação, atuando fortemente no mercado financeiro e agropecuário. A exceção é a Rede Record (televisão e rádio), controlada pelo grupo evangélico Igreja Universal do Reino de Deus.

            É a partir dos meios de comunicação hegemônicos que se propicia o desenvolvimento da cultura de massas e o afastamento das pessoas entre si, através desinformação coordenada e criação de factóides. Os meios de comunicação de massa tanto influenciam na opinião pública, que tem a capacidade de mudar a mentalidade da sociedade e desta forma, caminhar para uma reestruturação social na qual as pessoas estejam de fato atualizadas afinal, ver TV e ler jornal diariamente não fazem delas pessoas cultas e bem informadas sem que haja um olhar crítico nas informações lidas.

            Foi necessário esse resgate histórico para dizer que a Rede da Legalidade 2018, não nasceu apenas para fazer a cobertura do Julgamento do Ex-Presidente Lula, que na nossa visão não é o julgamento de uma pessoa. O que estará no banco dos réus dia 24 é a garantia da esperança de construção de um projeto de país, a garantia da permanência de direitos sociais e trabalhistas e reformas que levem em conta a condição social dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros e dos menos favorecidos. Dia 24 de janeiro de 2018, estará no banco dos réus, num julgamento coordenado de longe pelo Departamento de Estado norte-americano, o Brasil que ousou sair da periferia e ser a 6º economia do mundo, o Brasil que ousou sair da dependência tecnológica, o Brasil que caminhava para ser uma das maiores potências energéticas do mundo, o Brasil que saiu do mapa da fome e, sobretudo, o Brasil que ousou exercer papel de liderança entre as potências emergentes e grandes potências como a China e a Rússia e criar uma alternativa à hegemonia econômica do bloco estadunidense e europeu com a criação dos BRICS.

            Para isso nasceu a Rede da Legalidade, uma iniciativa de produção de conteúdo substantivo, matérias escritas e transmissões ao vivo que discutam matérias importantes da conjuntura e relativas a soberania nacional ao vivo pelo facebook e por várias rádios do país, com o ousado desafio de ser um instrumento de formação política de massas, discutindo diariamente com a população, a construção de um projeto de país mais fraterno, soberano e igualitário, onde toda criança tenha as mesmas oportunidades desde o café da manhã, a escola e a janta, a riqueza seja distribuída e o estado cumpra sua função social que é a de olhar por quem mais lhe necessita.

 

Maister F. da Silva
Militante do Movimento dos Pequenos Agricultores