Seca e preço baixo aumentam a crise entre os produtores de fumo

18 de janeiro de 2020
Por: Marcos Corbari

Famílias camponesas que se dedicam à produção de fumo cobram medidas dos governos e das fumageiras para não ficarem expostas à necessidades básicas

Os murmúrios entre os pequenos agricultores do Rio Grande do Sul que vivem da produção do tabaco estão se transformando em forte clamor. É que a estiagem que vem desde novembro e entrou janeiro a dentro no RS está afetando a produtividade desta cultura, provocando prejuízos que vão de 20% a 40% de perdas. Não bastasse isto, a indústria do tabaco estava pagando preços muito baixos para os produtores, o que vem sendo corrigido aos poucos nas últimas semanas.

– Mesmo com a pequena melhora nos preços, não vai dar para pagar as contas – afirma Gilberto Wink, liderança do Movimento dos Pequenos Agricultores do município de Vera Cruz. “A produção na região do Vale do Rio Pardo está em 8 arrobas por 1.000 pés, quando uma produção normal é acima de 12 arrobas por 1.000 pés plantados – afirma Gilberto Winck, que está acompanhando a “crise do fumo” pelo MPA.

Adilson Schuu, dirigente do movimento no município de Canguçu afirma que o prejuízo da produção plantada no cedo já é irreversível e atinge mais de 30% em todas as culturas, com maior impacto para a produção de fumo. Segundo ele, os agricultores comentam a necessidade de um Crédito Emergência para a Manutenção Familiar por parte do Governo Federal e um aumento em 30% no preço do fumo, já que o dólar está alto e 90% do tabaco é exportado, de forma que as empresas podem repassar aos agricultores seus ganhos com a alta do dólar.


Os dirigentes do MPA das regiões fumageiras acompanham de perto a situação e percebem que muitas famílias terão problemas com a sustentação alimentar pois as culturas de subsistência também estão sendo afetadas pela seca.

– Vamos debater a anistia e prorrogação das dívidas dos agricultores e um cartão alimentação por parte do Governo Estadual para evitar que a fome ronde os lares de muitas famílias – afirma Winck. “As empresas fumageiras precisam assumir sua responsabilidade social com os produtores de fumo, pois com dólar alto estão ganhando bem” – completa o dirigente camponês.

Os próximos dias são de expectativa aguardando as condições climáticas para avaliar com mais precisão a extensão dos prejuízos e o que os agricultores vão fazer para cobrar das autoridades e das empresas soluções para a gravidade da situação.