Sindicato e grupo de servidores fazem alerta quanto aos rumos da Embrapa
Por: Marcos Corbari
Duas manifestações foram publicadas na última semana, defendendo maior alinhamento ao governo federal
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) esteve no alvo de duas manifestações de teor crítico na última semana. A primeira foi emitida pelo Sinpaf (Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário) e trata sobre o repúdio a manifestações preconceituosas e misóginas que estariam sendo emitidas em relação a nomes que têm sido indicados para a composição da nova Diretoria e do conselho da empresa.
A nota denuncia a tentativa de ingerência nestas indicações e resistência ao novo modelo de gestão por parte de pessoas e setores que ajudaram a sustentar o governo anterior, derrotado nas urnas, colocando em risco o próprio alinhamento das pesquisas em desenvolvimento ou a serem desenvolvidas em direção ao foco prioritário do novo governo.
Confira um trecho da nota:
“(…) diante desse cenário de ataques injustificados, misóginos e desrespeitosos, nós da Direção Nacional do Sinpaf não poderíamos deixar de repudiar essa conduta. O pano de fundo dessas críticas descabidas e sem razão de ser, não é a competência dos indicados e indicadas, mas sim a mudança de direcionamento das pesquisas da Embrapa. O fato de o atual governo direcionar esforços para o combate à fome e à inclusão dos povos originários, agricultores familiares, assentados da reforma agrária e quilombolas nas políticas públicas sempre incomodará essa minoria que se acha dona do que é público. Defendemos que a pesquisa agropecuária brasileira produza tecnologia para todo o setor agropecuário brasileiro, e não para alguns poucos privilegiados e abastados. Também defendemos que o processo de seleção dos diretores e diretoras seja transparente e alinhado com as diretrizes estratégicas do novo governo do presidente Lula. Natural as trocas de gestão, pois é uma prerrogativa de quem venceu as eleições.”
A íntegra do pronunciamento pode ser conferido no site do Sinpaf.
Servidores cobram maior agilidade do governo
Por outro lado, um grupo de mais de 50 servidores – composto essencialmente por pesquisadores de longa carreira na Empresa, com relevantes serviços prestados em favor da pesquisa agropecuária no país – tornou pública uma nota cobrando maior agilidade do governo na reformulação da diretoria e do conselho, que – segundo a nota – seguem sob controle de setores do agronegócio ligados ao bolsonarismo. Citam a circulação de “um texto apócrifo, panfletário e criminoso”, que estaria utilizando fake news e até mesmo machismo para desqualificar, difamar e destruir reputações de candidatos a diretores por estarem alinhados às diretrizes do atual governo.
Confira um trecho deste texto:
“O presidente Lula configurou seus Ministérios de tal forma que a matriz institucional federal entrasse em sintonia com as Diretrizes de seu Governo, como agricultura familiar, agrobiodiversidade, soberania alimentar e combate a fome. Como a nomeação da nova Diretoria não ocorreu logo depois da posse do Ministro do MAPA, a ultradireita incrustada na instituição articulou-se com o Consad para inviabilizar a nomeação dos candidatos a Diretores, visando a manutenção do status quo na tecnociência agropecuária pública. (…) Bolsonaristas na Embrapa e no Consad temem a nova Diretoria. Pela primeira vez, a Presidência da instituição é ocupada por uma Pesquisadora, e duas mulheres mais são candidatas a Diretoras. (…) Será que o presidente, o ministro da Justiça e o ministro do STF sabem que o 08/01/23 ainda não acabou? Recém bateu à porta da Embrapa e ameaça mantê-la sem aderência às diretrizes do governo. A quem interessa abortar a reconstrução de uma pesquisa agropecuária pública, democrática e inclusiva, para apoiar o presidente Lula no resgate do Brasil?”
A íntegra desta nota e seus subscritores está publicada no site da Rede Soberania.
Posição da Embrapa e Consad
A reportagem do Brasil de Fato RS entrou em contato com a assessoria de imprensa da Embrapa e questionou a respeito das notas emitidas pelo Sinpaf e pelo grupo de servidores. Na mensagem enviada pela Superintendência de Comunicação consta que “os processos de avaliação e seleção dos candidatos para a Diretoria-Executiva da Embrapa estão sob a responsabilidade do seu Conselho de Administração (Consad)”.
Na mensagem indicam ainda o posicionamento exposto pelo Consad no dia 13/05/23, publicado no site da Embrapa, como última atualização pública a respeito do tema. Uma vez que o posicionamento do Consad se deu antes da emissão das notas críticas do Sinpaf e do grupo de servidores, o BdFRS voltou a insistir por um novo posicionamento, que até o fechamento desta matéria ainda não foi exposto. O espaço segue à disposição para atualização.
Edição: Katia Marko