Quem acredita na Constituição Federal e na Democracia?
Maister F. Da Silva*
A direita quer disputar sozinha a eleição de 2018. Tirar Lula do caminho é tarefa número um dos setores golpistas. A derrota do pedido de Habeas Corpus do ex-presidente Lula no Supremo Tribunal Federal foi a pá de cal em qualquer esperança de vitória e respeito aos marcos constitucionais que regem a legislação do país. Ouso afirmar ainda que o colegiado do STF, em um teatro de alto custo financeiro ao povo brasileiro, decidiu o final da peça logo após o voto do ministro Luis Roberto Barroso, no estratégico intervalo. Fazendo jus aos espetáculos de horrores do Coliseu Romano, a suprema corte cumpre fielmente seu papel no golpe, saciando a sede de “sangue” da Rede Globo e do Departamento de Estado norte-americano.
Ocorre que o julgamento do Habeas Corpus era muito mais que a liberdade de Lula, era a garantia da esquerda no segundo turno das eleições, com o ex-presidente concorrendo ou como um cabo eleitoral de luxo, o candidato líder nas pesquisas de intenção de voto, único que encampa real ameaça aos que hoje ocupam o comando das instituições e manejam o aparelho do estado. O medo da Rede Globo é Lula livre. No jogo de xadrez, “golpistas x luta pela democracia”, o julgamento era esperança de ambos os lados, o primeiro de garantia de manutenção dos privilégios, o segundo a possibilidade da volta de um país que caminhava para a construção da sua soberania.
Não há por que confiar um só instante na existência de uma burguesia nacionalista, não como classe. A decisão do STF nos leva a enxergar a difícil realidade, que muitos na esquerda por miopia política, comodismo ou por medo da realidade não querem ver: não há nenhuma possibilidade de combater a direita nos marcos impostos pela democracia burguesa. Respeito à Constituição Federal e à Democracia são valores que apenas a esquerda preserva, não constam nos “manuais de resistência golpistas”. Presunção de culpa, “sou a favor, mas voto contra”, “não tenho provas, mas tenho convicção”, são frases do teatro jurídico brasileiro, uma piada de mau gosto dos inconfiáveis semideuses brasileiros.
Eleições gerais em outubro passará a ser pauta máxima, somada a defesa da democracia. Oxalá, não tenhamos uma cruzada de cassação do registro de partidos e cerceamento jurídico da atuação das entidades de classe.
*Militante do Movimento dos Pequenos Agricultores