Vinte e cinco Sem Terra se formam em Curso Técnico em Cooperativismo

18 de junho de 2018

Formatura foi realizada no último sábado (16) em Vila Flores, no Rio Grande do Sul


(Foto: Eliana de Souza)

O último sábado (16) foi especial para 25 estudantes Sem Terra do Curso Técnico em Cooperativismo (TAC) do Instituto de Educação Josué de Castro (IEJC), localizado em Veranópolis, na Serra Gaúcha. Eles receberam o diploma  de conclusão de curso, em cerimônia de formatura realizada no Salão da Comunidade Nossa Senhora do Caravaggio, no município de Vila Flores.

Oriundos do Distrito Federal e de oito estados — Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Alagoas, Ceará e Pará — os estudantes fazem parte da 15ª turma do TAC. Conforme Miguel Stédile, coordenador do IEJC, o curso visa a formar militantes organizadores e operadores administrativos das empresas sociais e cooperativadas do Movimento Sem Terra, para auxiliar na implementação da organização nos assentamentos, e que tenham habilidades na área de gestão. “Isto entende-se formar pessoas com capacidade de refletir e contribuir com a proposta e as linhas política do MST”, diz.

Segundo o coordenador do curso, Adalberto Martins, o TAC é a experiência formativa na área técnica mais antiga do MST. Ele explica que desde 1993 o Movimento prepara ideológica e tecnicamente seu quadros para conduzirem os empreendimentos econômicos das áreas de Reforma Agrária, envolvendo especialmente a juventude dos assentamentos e acampamentos, que realizam seus estudos do ensino médio ao mesmo tempo em que recebem formação política.


“Muitos chegam no curso com pouca inserção na militância social e no MST. Passam a conhecer melhor o Movimento que os seus pais construíram e a participar de suas mobilizações e de seus empreendimentos econômicos, combinando a vivência política organizativa com as práticas gerenciais no plano financeiro, comercial e organizativo. Os jovens habilitam-se em auxiliares técnicos em processos gerenciais e agroindustriais, além de promotores dos processos organizativos nos assentamentos”, complementa.

O curso é ofertado desde 1999 pelo IEJC em parceria com o Programa Nacional de Educação para Reforma Agrária (PRONERA), e tem duração de três anos, distribuídos em uma etapa preparatória e mais seis formais. Durante este período, os estudantes alternaram entre tempo escola e tempo comunidade, para aplicarem na prática os conhecimentos adquiridos. “A nossa expectativa é de que os formandos e as formandas possam efetivamente contribuir na organização social e econômica dos assentamentos, qualificando os empreendimentos sociais já existentes e contribuindo para a construção de novas iniciativas que fortaleçam a Reforma Agrária Popular”, acrescenta Stédile.

Para Valdeir de Jesus Alves, 51 anos, receber o diploma representa uma transformação em conhecimento e um diferencial em sua vida. “É uma alegria muito grande. Parei de estudar no ano de 1984 e agora, graças ao MST, tive a oportunidade de voltar a uma escola e de contribuir mais com a nossa base”, conta. Ele já coloca em prática o que aprendeu no curso na Cooperativa Camponesa de Minas Gerais, estado onde mora num pré-assentamento.

“Antes de fazer o curso eu já trabalhava na cooperativa, acompanhava as reuniões pelo setor de produção e organizava os produtos para ir às feiras. Agora, estou inserido de fato no setor, já acompanho diretamente as experiências nos acampamentos e assentamentos e participo das feiras. Com a formatura, vou ajudar na parte mais interna da cooperativa e a acompanhar os projetos do setor”, explica.