13: O papel da Embrapa
Autor: Frei Sérgio Görgen
Autor: Frei Sérgio Görgen
Este artigo faz parte da série temática “A gente não quer só comida”.
Assista também a reflexão em vídeo sobre este tema, no canal de Frei Sérgio no Youtube.
O povo brasileiro precisa da Embrapa. O Brasil, para ser uma nação justa, soberana e seu povo bem alimentado, necessita da Embrapa – de uma Embrapa forte, pública, dinâmica, abrangente, plural, democrática, focada na transição ecológica que a vida humana e do planeta exigem, na agricultura familiar e camponesa, na produção de alimentos saudáveis e na soberania alimentar e genética.
Nenhuma nação se ergueu soberana e como civilização até hoje, sem soberania alimentar, genética, energética e científica.
A Embrapa é um pilar essencial na construção de uma Nação Soberana e uma civilização justa e fraterna – projeto pelo qual lutamos. Sem ciências – sempre no plural e sempre plural, autônoma e soberana, sem deixar de ser dialógica e respeitadora – nossos sonhos civilizatórios se esboroam na dependência que nos escraviza a projetos de outros, que nos sugam e exploram.
Evidente que defendo um sistema de ciências que seja respeitoso e aprendente com as sabedorias populares, também ciências, com outras matrizes epistemológicas.
A Embrapa é a madrinheira do pilar científico e tecnológico para a soberania alimentar do povo brasileiro – também para alimentar o mundo, não apenas com proteínas à base de soja, mas com alimentos diversificados – e, na medida que as fontes vegetais podem compor uma matriz sábia e equilibrada de alimentos, meio ambiente e energia (alimergia), também para nossa soberania energética.
As transnacionais que dominam o agronegócio brasileiro, controlam o fornecimento de produtos e tecnologias para o setor. Não precisam da pesquisa, nem dos pesquisadores da Embrapa. Não precisam da Embrapa enquanto Empresa pública de pesquisa, nem lhes interessa. Tem sua própria pesquisa. Quem precisa da Embrapa são os pequenos e médios agricultores, pecuaristas, silvicultores, pescadores, extrativistas, povos do campo, águas e florestas.
Mas a Embrapa e seus pesquisadoras/es e trabalhadoras/es tem muito a contribuir com a agricultura camponesa familiar: seu enorme capital de saberes, um acervo científico e tecnológico acumulado em décadas de pesquisa e o enorme e fantástico patrimônio genético (um dos maiores bancos de germoplasma do mundo) mapeado, identificado e disponível de sementes, mudas, princípios ativos e microorganismos, que poderão ser utilizados para a transição ecológica, melhoria da produtividade com qualidade dos alimentos, redução inicial e até eliminação do uso de venenos, melhorando a saúde das famílias que produzem e dos consumidores de alimentos.
A Embrapa acumula muitos anos de estudos, pesquisas, desenvolvimento tecnológico, relação com as comunidades camponesas para resgatar, selecionar, melhorar e identificar usos, da genética animal, agrícola, alimentar, energias renováveis, defesa agropecuária, florestal, medicinal, higiene, limpeza, plantas bioativas, restauração ambiental, rochagem, bioinsumos, controle biológico, e muito mais, serão de enorme utilidade para os os interesses do povo brasileiro.
Por isto nossa defesa da Embrapa pública, patrimônio do povo brasileiro e cada vez mais voltada às reais necessidades do nosso povo.