Uma Bastilha em Curitiba?
Autor: Frei Sérgio Antônio Görgen e Axil Costa
O sistema judiciário brasileiro, pelo menos a parte afinada com o golpe, e a rede globo (panfleto imperialista digital e impresso) tem a opção de transformar o cárcere de Curitiba numa Bastilha brasileira. Esta opção lhes está disponível, neste momento histórico.
Não é a melhor, nem para eles. Mas podem fazê-lo.
As forças populares e democráticas não tem todas opções à disposição. Precisam lutar nas condições que existem historicamente.
Transformar a prisão de Lula em Curitiba em uma Bastilha Brasileira é uma opção disponível e possível.
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Na história ocidental, um dos acontecimentos decisivos para a derrocada do antigo regime monarquista francês e o marco de partida da revolução francesa, se deu no dia 14 de julho de 1789, fato notório na influencia das principais revoluções do mundo, A Queda da Bastilha, acontecida em Paris.
A Bastilha, repressivo cárcere politico da França deste período, era uma estrutura panorâmica da arquitetura de Paris, que media entre 30 e 35 metros altura, e seu entorno era rodeado por um grande fosso, banhado pelas águas do Rio Sena. Servia de mecanismo para enjaular ativistas políticos rebeldes, que se opunham ao regime monarca.
O cenário do fim do século XVII, na França, era marcado por profundos problemas de desigualdade e injustiça social, o povo pobre e a burguesia ferviam, assim como o verão em Paris, e caminhavam em fúria com sentimento de revolta, contra a falta de comida e a miséria, que eram responsabilidade direta da agenda politica do Rei Absolutista Luis XVI.
A pressão pelo fim dos privilégios da corte real se aprofunda e o Rei Luis XVI, por pressão dos bancos, convida Jacques Necker, pensador iluminista, para ocupar o ministério das finanças. Ele era adepto de um novo modelo politico e vociferava abertamente “A responsabilidade dos grãos e dos pães para o povo é do governo.”
O Rei se obriga a ceder poder politico e permite a construção de uma Assembleia Nacional que discutiria uma nova constituição, mas, Luis XVI, preocupado com ascensão popular de Jacques Necker e dos liberais burgueses, resolve demitir o seu ministro de finanças e cercar com suas tropas a Assembleia Nacional. Esse fato é o estopim para a população ocupar massivamente as ruas, dirigido por lideranças revolucionárias.
Na manhã do dia 14 de julho de 1789, milhares de pessoas circundaram a bastilha. Marquês de Launay, governador militar da Bastilha, temendo a força popular, convidou uma delegação de lideranças para uma conversa, no sentido de acalmar os ânimos. Os revolucionários reivindicavam a posse da Bastilha. Launay recusou, mas indicava não estar disposto ao combate, e para se comprometer e convencer os revolucionários mostra que seus canhões nem estariam carregados.
Apropriados dessa noticia, um grupo de lutadores escalou o muro e entrou na Bastilha e abriu a porta levadiça de acesso. Cerca de 300 revolucionários ocuparam a masmorra, confrontando o exercito de Launay. O combate terminou com aproximadamente 100 revolucionários mortos, mas com uma acachapante vitória do povo. Marquês de Launay, agora ex-dono das chaves da bastilha, foi rendido, julgado pelo conselho revolucionário e morto.
A tomada simboliza o declínio no antigo regime e inaugura nova atmosfera na vida política ocidental a partir da revolução francesa gerando protagonismo popular e fissuras no modelo hegemônico absolutista que levaram a mudanças estruturais na sociedade.
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Aplicando a Teoria das Labaredas ao atual momento político nacional, ao que tudo indica, o pico de labaredas do golpismo foi atingido com a prisão de Lula. Ficou estável por um tempo e começa a descer.
Em contraposição, as Labaredas do Movimento Popular e Político de esquerda, recém agora começam a ter iniciativa e a ensaiar ações não meramente reativas mas ativas e propositivas. É Labareda crescendo. Caso chegue perto do pico até setembro, nada deterá a candidatura e a eleição de Lula. Labareda crescendo, para o Movimento Popular, é povo na rua e em luta.
Transformar o cárcere de Curitiba numa Bastilha poderá tornar mais penoso e difícil o processo de libertação de Lula, mas acontecerá e, neste caso, as consequências para os carcereiros serão mais drásticas. Eles é que tem esta opção nas mãos e precisam pensar nisto.
Caso a opção “bastilha” seja acionada do “lado de lá”, terá que escancarar uma situação de “ditadura aberta”, hoje ainda disfarçada.
Assim mesmo a resistência crescerá, e passará à ofensiva política.
As condições em que tudo isto acontecerá é o que está em aberto no complexo xadrez das condições da luta de classes no cenário político dos dias que vivemos.
Axil Costa
Militante da Juventude do PT de Candiota
Frei Sérgio Antônio Görgen
Frei Franciscano, Militante do MPA.